segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Beautiful Loser

Cada vez que vou à terapia é pauleira.
Lembro-me doa foto que tenho do meu pai pequeno (com três anos) e sorrindo.
As outras fotos que possuo dele (da época escolar), o olhar dele sempre é triste e assustado.
Meu pai tinha um problema de nascença: ele não possuía a orelha esquerda e sempre escondia com os cabelos compridos.
Minha vó sempre dizia que ele sofreu muito na escola por causa disso.
A adolescência foi o começo de sua derrocada e minha vó também não compreendia muito o sofrimento ele.
Isso o afetou pelo resto a vida.
Se eu pudesse eu pegaria um galão e álcool e colocaria fogo em tudo o que diz respeito a pessoa ser um vencedor na vida.
Que inferno isso.
As pessoa travam batalhas diárias com suas próprias vidas e imagino o quanto pode ser doloroso.
E, será que a pessoa que está feliz em outro País e de repente morre (assim, do nada), estava com o pensamento negativo para sofrer um atentado?
Pensei nisso hoje ao ver o cortejo dos argentinos que faleceram nos EUA.
Eu só queria que meu pai tivesse entendido que jamais esperei que ele ganhasse nada na vida e que realmente aproveitasse seu tempo na Terra.
Fosse em casa alugada, própria ou onde ele desejasse.
Que ele não precisava ter carro e muito menos uma velhice tranquila.
O dia de amanhã para você não chegou pai, e, para mim, isso é o que mais dói.
Acredito que três são os senhores/senhoras do mundo: o tempo, a vida e a morte.
O tempo porque não esvanece.
A vida porque é contínua.
A morte porque está mais viva do que nunca e sua presença está em todo lugar.
O dia que soubermos entender esses três senhores/senhoras, poderemos encontrar a paz em nós mesmos.
Esse era o desespero que sempre vejo nas fotos do meu pai. 
Como diz dr. Jared Leto:
- Seguimos.

A vida é um grande aluguel e após irmos sequer sabemos com quem e onde nossos pertences ficarão.
O tempo continuara a existir sem nós.
E, a morte nos guardará em sua existência.


Eu queria ter deixado essa música escrita para o meu pai.
Eu queria ter sido amiga do meu pai quando ele era criança.
Até hoje, não sei em que momento da vida ele se perdeu de si mesmo e qual foi a razão disso.
Talvez, jamais saiba, mas, o olhar de desespero das fotos sempre estará lá.

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